Nota: texto escrito por William Amaral exclusivamente para o blog "Ogro do Metal".
Sabe-se há muito que a popularização do Rock nos anos 50 e 60 não foi aceita pelos músicos brasileiros da época. Desde então, alguns ícones da chamada MPB trataram de ironizar e ofender o Rock de alguma forma.
Um dos precursores da Bossa Nova, Tom Jobim, tinha verdadeiro asco ao ritmo das guitarras. No vídeo abaixo, no ano de 1984, Jobim, de forma jocosa, diz que construirá um estúdio, à prova de som, em sua casa para que o Rock, ouvido por seus filhos, não entre. O carioca voltaria a atacar o estilo americano em uma entrevista à Playboy, em 1988: “Tenho esperanças que o rock vai evoluir e descobrir o quarto acorde, porque fazer música com três acordes é difícil, né?” (3:42 a 4:29)
Presente no vídeo acima, Chico Buarque de Hollanda faz referência ao Rock em algumas de suas canções, como em “Meu Caro Amigo”, nos seguintes versos: “Na minha terra tão jogando futebol, tem muito samba, muito choro e rock ‘n roll”. Ele muda a entonação de “roll”, fazendo com que fique “róll” e não “rôll”. Chico usa a mesma prática na música “Baioque”, que tem uma levada mais letal que suas outras centenas de canções. Por fim, o artista mostra que “não é de ferro” na interpretação de “Jorge Maravilha”.
Caetano Veloso também deu sua alfineta no ritmo americano na canção “Vai Levando”, na qual, em parceria com Chico Buarque, diz que “mesmo com todo Rock, com todo Pop, com todo estoque, com todo ibope, a gente vai levando”. Tom Jobim parece ter entoado com gosto os versos da dupla no seguinte vídeo (1:27 a 1:35):
Apesar dos ataques de três medalhões da MPB, a maior crítica ao Rock vem do menos conhecido, porém contundente, Tom Zé, que pega pesado na música “desenrock-se”, principalmente nos versos: “Eu digo desenrock-se, Meu nego desenrock-se, Desintoxique-se desse apocalipse”.